Controle de pragas e doenças das abelhas foi tema do AgroCooperação nesta quarta
Live abordou o Programa Nacional de Saúde das Abelhas, com especialistas falando também sobre os cuidados que o apicultor precisa ter para proteger suas colmeias.
Os cuidados com as principais pragas e doenças que atacam as colônias de abelhas, a importância do registro das colmeias para se ter o apoio do sistema de Defesa Sanitária do Estado e o trabalho do Programa Nacional de Saúde das Abelhas (PNSAp). Esses foram os destaques quarta a live da campanha AgroCooperação – uma consciência, inúmeros benefícios transmitida há pouco pelo canal AgroCooperação Oficial no YouTube
O tema Conhecendo o Programa Nacional de Saúde das Abelhas (PNSAp) foi abordado pela coordenadora nacional do PNSAp, Luciana Guirelli Ábrego, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Também participarão a especialista em apicultura e meliponicultora Noirce Lopes da Silva, da Agência de Defesa Sanitária, Animal e Vegetal do Mato Grosso do Sul (Iagro) – que coordena o PNSAp no Estado; além do doutor em Zootecnia Héber Luiz Pereira. A mediação foi do especialista em Uso Correto e Seguro do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg, parceiro do projeto), Daniel Espanholeto.
Luciana Ábrego abriu a conversa com Daniel Espanholeto, destacando que o Plano Nacional estabelece algumas estratégias para garantir a segurança da cadeia produtiva do mel em todo o País. Mas, para isso, é importante a participação dos próprios apicultores e meliponicultores “Trabalhamos para fortalecer e cuidar para que doenças não atinjam as abelhas ou, quando atingirem, mitigar para que não se espalhem entre as colônias de uma região”, resumiu a coordenadora nacional do PNSAp. O Programa também conta com apoio laboratorial, além do atendimento em campo feito técnicos e veterinários estaduais.
Sobre os riscos para as colmeias no Brasil, a veterinária do Mapa lembrou que há diversas pragas que atacam principalmente as abelhas apis melíferas. Mas algumas incidem também sobre as espécies nativas (sem ferrão) e há ainda as doenças que podem passar de uma espécie para outra, “mas, neste caso, isso ainda é algo novo”, completou.
Entre os principais “vilões”, ela destacou o pequeno besouro das colmeias
(Aethina tumida)
, que já teve alguns registros no Mato Grosso do Sul e está presente em outros cinco Estados brasileiros. Também conhecido como PBC, trata-se de uma praga cuja principal forma de enfrentamento é manter as colmeias fortes para que as próprias abelhas possam controlar os besouros dentro das colônias.Ente outras pragas, a veterinária do Ministério da Agricultura citou ainda a loque americana, que é uma doença bacteriana que ataca as larvas das abelhas. Bastante perigosa pela fácil transmissibilidade e alta mortandade das crias de abelhas, a requer medidas mais drásticas nas colmeias para eliminação de seus focos – como a incineração dos caixilhos de favos onde ela está presente. “Tivemos dois focos no Brasil, no Paraná e Rio Grande do Sul, que foram saneados. Mas é uma doença séria e sobe a qual temos que ficar atentos, porque está presente entre nossos vizinhos sul-americanos.”
DEFESA SANITÁRIA
Tanto Luciana quanto Noirce reforçaram aí a necessidade da participação ativa dos apicultores nesse processo de vigilância. A começar pelo cadastramento das colmeias. O que, aliás, permite que o apicultor também possa emitir a Guia de Transporte Animal (GTA), que é documento obrigatório para se transportar suas colmeias. “Uma coisa que temos que desmistificar é que não se trata de apenas um documento burocrático. Muita gente acha que se está monitorando para cobrar algum tipo de imposto, destacou a representante da Iagro.
A GTA serve para rastrear o caminho que as colmeias fazem, para se poder atacar o problema tanto no destino quanto na origem, no caso de surgimento de alguma praga. E o controle sanitário abrange não só o transporte de abelhas ou os apiários em campo, mas também na comercialização de rainhas e insumos.
Noirse lembra que, no Mato Grosso do Sul, o controle começou a ser estruturado em 2010 está sendo melhorado desde 2021, “engatinhando, conhecendo a realidade dos apicultores e começando a cadastrar as colmeias”. Hoje, segundo ela, o Estado já tem um cadastro de mais de mil apicultores.
Agora, a estratégia é concentrar mais força na conscientização desse público, para que os criadores tenham um olhar mais atento suas colmeias e informem a Iagro (que tem escritórios em todo o Estado) sempre que notarem algum problema. Ao passo que o Estado também está reforçando a qualificação dos técnicos que vão a campo e atendem os chamados. Quase 100 servidores estão recebendo treinamento teórico desde o último dia 2 até 3 de julho. Depois ainda irão para treinamento prático, aprimorando a observação das colmeias, aprendendo a coletar material para análise etc.
PARTICIPAÇÃO
Falando sobre pragas e doenças das abelhas, Héber Pereira destacou que dá para fazer uma analogia entre as colmeias com outros. “Se o organismo está forte, residente, as pragas e doenças têm maior dificuldade de se estabelecer. Então os cuidados com a colônias se dá no sentido de mantê-las fortes, com boa quantidade de abelhas, com abelhas mais robustas.” Aí o manejo abrange troca regular de favos, boa alimentação e até o cuidado com o ambiente onde elas estão.
“Podemos controlar poucos fatores do ambiente, mas com barreiras de vento (cercas vivas ou quebra vento), uma boa cobertura (sombra) sobre as caixas onde se tem incidência grande de sol. Isso já evita que as abelhas gastem uma grande energia em termorregulação, por exemplo. Essa energia daí vai para outros cuidados delas, como o comportamento higiênico - limpeza dos favos, remoção crias mortas ou doentes. Essas condições favorecem a resistência.”
O pesquisador lembra que enxames fracos também são menos competitivos na disputa de insetos polinizadores pelas flores. “Podemos regular a quantidade de colônias de abelhas, mas não a quantidade de flores. A colônia que estiver mais saudável pode chegar primeiro aos recursos florais e pode recrutar mais abelhas na coleta. Já as colmeias doentes não conseguem acompanhar as demais na concorrência pelas flores”, enfatiza Héber. E completa: os danos (nas colmeias) dependem de cada praga ou doença. Mas, no geral, mesmo que não seja algo tão prejudicial diretamente, acaba sempre interferindo na produção”.
Sobre dicas a respeito do que o apicultor precisa observar em suas colônias, o zootecnista cita detalhes como a “solidez” na área de crias. “Se não há muitas falhas nos favos ou com alvéolos vazios ou destampados - onde deveria haver uma cria selada.” O especialista ressalta ainda que há momentos certos para o apicultor fazer esse controle em cada fase. “Não se vai ficar inspecionando e revirando a área de cria e do ninho à toa sempre. Mas é bom também ter um parâmetro de comparação com outras colônias, conversar com outros apicultores. E ao se perceber qualquer anormalidade, conversar com a Defesa Agropecuária.”
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