Live mostrou a importância dos distribuidores na orientação de boas práticas no uso de agrotóxicos
O papel da distribuição na responsabilidade técnica foi o tema de fechamento da etapa da campanha coordenada pela Semagro para garantir produtividade e boa convivência entre agricultura e apicultura
As rotinas, cuidados e a importância da orientação técnica na comercialização e insumos para as lavouras (em especial os agrotóxicos) foram tema da live desta quarta-feira (27) da Campanha AgroCooperação – Uma consciência, inúmeros benefícios. O bate-papo foi transmitido pelo canal AgroCooperação Oficial no YouTube e abordou o papel dos técnicos agrícolas e engenheiros agrônomos na indicação dos produtos e orientação dos produtores e aplicadores. Além da importância da assistência técnica tanto in loco no campo quanto no balcão da revenda.
Para isso, a live teve a participação do presidente da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Mato Grosso do Sul (Aeams), Werner Semmelroth; do também agrônomo Marcelo Bexiga, representando a Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) e, fechando o time, o presidente da Associação dos Apicultores de Chapadão do Sul, José Adelmo Haach – que, além de apicultor possui um comércio de insumos para a agricultura. A mediação do jornalista Castor Becker Júnior, da Assessoria de Imprensa do Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag).
A campanha AgroCooperação tem como objetivo a boa convivência entre agricultura, meliponicultora e apicultura –
como estratégia promover a comunicação e boas práticas operacionais entre as partes.
A ação visa ao crescimento ambientalmente sustentável da produção de grãos e outros produtos das lavouras, além do mel e outros derivados apícolas.A iniciativa é da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar do Estado (Semagro), coordenada pela (Iagro). A ação envolve ainda a Câmara Setorial Consultiva da Apicultura do MS (Cseap) e – além do apoio da Aeams, Andav e Sindag – tem a parceria também do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg).
Clique AQUI para conferir a íntegra da live no YouTube
A conversa iniciou com os participantes trazendo realidades diversas de manejo e acompanhamento técnico. Com situações que vão desde a produção em grande escala, com as compras feitas diretamente da indústria química, até a realidade de produtores menores, que contam com assistência técnica do Estado ou dos técnicos de revendas que prestam assessoria diretamente nas propriedades. Em todos os casos, destacando também a tendência do uso crescente de produtos biológicos no complemento aos defensivos químicos (enquanto não é viável a substituição total), para tornar o manejo mais racional e seguro para abelhas e bicho-da-seda.
PRODUÇÃO CONSCIENTE
Werner Semmelroth, que é agrônomo desde 1978 e atua no setor sucroenergético, contou que o Mato Grosso do Sul possui cerca de 3,8 mil engenheiros agrônomos cadastrados no Conselho Estadual de engenharia e Agronomia do Estado (Crea/MS). Desses, cerca de 25% estão nos quadros de associações locais da categoria, por sua vez, abrangidas pela a Aeams. Ele falou inicialmente sobre o papel dos agrônomos desde a formação de novos profissionais nas universidades até o trabalho em campo e em pesquisas de melhoramento genético e outros estudos.
Falando sob área realidade onde ele atua, Semmelroth abordou as rotinas nas usinas sucroenergéticas, onde as compras de insumos são feitas diretamente da indústria, sem passar pelas revendas. Porém, com um grande corpo técnico próprio atuando desde a orientação técnica em campo até o processamento da matéria-prima. “A usina se encarrega de todo o plantio e transporte para a indústria”, pontuou.
O setor canavieiro existe em grande escala no Mato Grosso do Sul desde a implantação do programa Proálcool, nos anos 1970. De lá para cá, a capacidade de processamento anual passou de 10 para 50 milhões de toneladas de cana por ano. “Ao mesmo tempo, a produção de soja no MS chegou a 3,8 milhões de hectares e a silvicultura chegou a 1,3 milhões, devendo chegar logo a 2 milhões de hectares”, destacou, sobre o crescimento de outras culturas importantes ao Estado na última década. “Uma expansão que ocorreu 95% sobre áreas de pastagens degradas”, acrescentou, lembrando que o processo também envolveu correção do solo.
No caso do uso de produtos biológicos, Semmelroth lembrou que eles também integram o arsenal das usinas, desde pequenas vespas predadoras da broca-da-cana e de lagartas que atacam a cultura até a proteção do ecossistema do solo, para tornar as plantas mais resistentes. “Assim, caso do uso dos defensivos químicos, o cuidado acaba sendo maior não só por causa dos ecossistemas vizinhos, mas também pelas nossas próprias vespas, por exemplo”, destacou Semmelroth, reforçando o cuidado das usinas com as boas práticas.
VISITAS TÉCNICAS
Por parte da Andav, Marcelo Bexiga explicou que o Mato Grosso do Sul possui atualmente 224 lojas de insumos espalhadas em todo o Estado, 148 delas (66% do total) associadas à Andav. Ele destacou que os pequenos produtores do Estado (que cultivam em até quatro módulos rurais, ou seja, 160 hectares) contam com assistência técnica da Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural (Agraer, do governo do Estado). Ao passo que as propriedades acima de 1 mil hectares normalmente contam com agrônomos e técnicos próprios.
Já as áreas das faixas intermediárias de tamanho são atendidas, em grande parte, pelos técnicos e agrônomos das revendas, que realizam vistas técnicas para diagnósticos e orientações. Neste caso, cumprindo um papel importante para a implementação as boas práticas em campo, especialmente no cuidado com ecossistemas naturais e abelhas. A aí também com o reforço da Andav obre as ações do AgroCooperação em seu público direto.
Não só na emissão do receituário e na orientação para uso dos produtos. Mas também no pós-venda. “A maior frequência das visitas aos produtores é importante não só como diferencial de mercado, mas para se fortalecer a confiança do produtor no consultor.” E, a partir daí, se garantir que as orientações realmente sejam seguidas na ponta. “Apesar de toda a importância do agro para a economia do Estado e do País, o agro é sempre muito visado por críticas. Com isso, no entanto, o setor tem buscado se profissionalizar sempre mais”, destacou Bexiga, sobre o alto nível de eficiência já existente no campo.
BIOLÓGICOS
A tendência de aposta crescente no complemento entre produtos químicos e biológicos também foi sublinhada por José Adelmo Haach. O apicultor, que há alguns anos passou a comercializar apenas produtos biológicos em sua revenda de insumos, destacou que em muitos casos os produtos naturais ainda não alcançam a eficácia contra os ataques de pragas. Especialmente em plantações em larga escala. Mas ele está otimista quanto a tendência de uso cada vez mais racional de uma modalidade complementando a outra. E reforçou a ênfase na comunicação entre produtores, aplicadores e apicultores.
José Adelmo iniciou na apicultura com hobby enquanto trabalhava para uma revenda de insumos, que depois acabou adquirida por ele. Enquanto ia se profissionalizando na criação de abelhas apis (mais rústicas e que requerem menos cuidados do que as nativas, segundo ele), ele ia optando por revender apenas produtos biológicos. O que veio também como uma estratégia de mercado. “Nos produtos químicos, tínhamos muito a concorrência da venda direta por parte das indústrias. Por isso, resolvemos apostar em um nicho diferenciado”.
O que o acabou colocando em uma posição privilegiada na comunicação sobre boas práticas entre todos os elos – pelo relacionamento com a indústria química, revenda de biológicos e pela liderança na Associação de Apicultores em Chapadão do Sul (onde é presidente) e na Associação de Apicultores de Três Lagoas – que tem convênio com a Suzano Papel e Celulose para o manejo de colmeias nas áreas de eucalipto da empresa (que trabalha também com insumos químicos).
Em suma, com uma boa parceria também com os agricultores e com o Sindicato Rural, ajudando ainda os apicultores na hora de colocar suas colmeias em áreas de lavouras. Inclusive apicultores oriundos de fora do Estado atrás de pasto apícola em temporadas de culturas específicas. “Alguns vindos de Paraná, São Paulo e principalmente Minas”, em torno de 5 ou 6 mil colmeias que nesta época, por exemplo, buscam o pólen e néctar do nabo forrageiro na região de Chapadão do Sul.
Confira mais sobre a campanha (notícias, podcasts e outros materiais) no site agrocooperacao.com.br
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