Agrocooperação trouxe práticas amigáveis às abelhas
Quarta live da campanha coordenada pela Iagro teve nesta quarta-feira (17) experiências de manejo químico contra pragas, mas preservando insetos polinizadores.
“As melhores práticas para agricultora são as práticas que beneficiem a atividade apícola.” A fala do presidente do Sindicato Rural de Dourados, Lucio Damalia, resumiu o tom da quarta live da campanha Agrocooperação – uma consciência, inúmeros benefícios, na tarde desta quarta-feira (17).
Com o tema Técnicas Amigáveis às Abelhas, a transmissão foi pelo canal Fonteagro no YouTube. Confira em: https://youtu.be/HYxrVS17bdU
O agricultor sul-mato-grossense foi um dos participantes do bate-papo que foi mediado pelo presidente da Associação Estadual dos Engenheiros Agrônomos do Estado (Aeams), Antônio Luiz Neto Neto, e que teve também o engenheiro agrônomo e apicultor Marcio Luiz Giurizatto. Os convidados conversaram com Neto sobre os cuidados para a convivência entre as lavouras e a produção de mel e o quanto essas medidas favorecem a própria produtividade das culturas. Com exemplos do dia a dia de cada um.
No caso de Damalia – que é produtor há cerca de 50 anos, ele lembrou que há mais de uma década permite a produção de mel em uma área de vegetação nativa junto às suas lavouras de soja, milho e braquiária, sem nunca ter registrado qualquer problema de mortandade de abelha no local. “E tem caixas de abelhas que ficam a 10 metros de distância da cultura”, completou. Para isso, ele adota cuidados como evitar aplicações na época de florada e preferir produtos menos agressivos às abelhas. Aliás, não só para proteger os polinizadores, mas outros insetos que são inimigos naturais das próprias pragas. “Quando se elimina os inimigos naturais pelo mau uso de inseticidas, quem reaparece primeiro é a praga, e muito mais forte, já que volta sem inimigos naturais.”
Pioneiro na técnica do plantio direto na palha no Mato Grosso do Sul, Damalia é um entusiasta da saúde do solo e lembrou que isso também depende de boas práticas nas aplicações. “É preciso conservar a biota, ou seja, os pequenos insetos que ajudam as raízes das plantas a absorverem os nutrientes”. Provocado pelo mediador sobre os benefícios das abelhas para a própria lavoura, o produtor citou dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), lembrando que a soja não é totalmente autofecundante. Ou seja, uma das principais culturas do País tem aumento de produtividade com a visita de abelhas em sua florada. “Resulta em ganho para o produtor”.
ORIENTAÇÃO
Com 30 anos de estrada na Agronomia, tempo em que tem atuado também no comércio de máquinas e insumos, Marcio Luiz Giurizatto acrescentou que um dos principais cuidados para evitar acidentes com abelhas e melíponas em aplicações é realizar as operações na parte da tarde ou à noite – além de se evitar o período de florada. “De manhã é quando as abelhas buscam 70% do néctar”, justificou. Para ele, além do horário, a utilização de dosagens e produtos corretos estão no cerne das recomendações que precisam ser repetidas com insistência pelos profissionais técnicos. “O produtor não aplica produtos porque quer, mas porque precisa. E mesmo assim o agro tem esse fardo de contaminador”, ponderou Giurizatto, sobre o preconceito existente sobre a atividade.
Meliponicultor há cerca de dois anos, o engenheiro agrônomo conta que está na atividade por hobby, mas auxilia a Associação Pro-Mel, de Dourados e que abrange diversos associados que vivem da criação de abelhas. Ele ressaltou que todo o agrônomo precisa pensar não só na produção, mas nos organismos em torno da lavoura na hora de fazer sua recomendação de produtos. E sobre isso é importante também perguntar ao produtor. Num mundo ideal, segundo ele, só se planaria e colheria, “mas não dá, com as pragas que temos hoje no Brasil. Então, temos que fazer as melhores práticas.”
OBJETIVOS
Desenvolvida pela da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar do Mato Grosso do Sul (Semagro), a campanha Agrocooperação tem como estratégia a comunicação e conscientização entre produtores, apicultores, operadores aeroagrícolas, agrônomos e técnicos, com foco na boa convivência entre lavouras e apiários. Seu objetivo é reforçar a sustentabilidade ambiental pela educação sanitária e difusão de boas práticas na aplicação de agrotóxicos. A iniciativa é coordenada pela Agência Estadual de Defesa Sanitária, Animal e Vegetal do Estado (Iagro), com apoio do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg), Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola (Sindag), da Associação Nacional dos Distribuidores de Insumos Agrícolas e Veterinários (Andav) e da Associação dos Engenheiros Agrônomos de MS (Aeams).