Formalização e planejamento do setor apícola marcaram última live o ano da Agrocooperação
Vídeo do encontro teve mais de 20 mil visualizações em menos de 24 horas e aprofundou ações que podem alavancar a produção de mel e derivados no MS
Exemplos de como o associativismo pode alavancar o mercado para a produção dos apicultores e meliponicultores e a importância dos criadores de abelhas cadastrarem suas colmeias para garantirem suporte do Estado. Tudo isso tendo por trás ainda o esforço da Câmara Setorial Consultiva de Apicultura do Mato Grosso do Sul (Cseap) para organizar a cadeia produtiva e consolidar uma política que facilite o acesso aos mercados consumidores – tanto locais como em todo o País. Além do esforço das entidades, juntamente com o Estado, para se criar um sistema de Inscrição Estadual dos produtores de mel – sem que precisem ser donos ou arrendatários das terras onde têm suas colmeias. O que possibilitaria os produtores de mel, própolis e outros produtos das abelhas comercializarem sua produção para todo o País, alavancando exponencialmente os ganhos do setor.
Esses foram assuntos em pauta na última live do ano da Campanha Agrocooperação – uma consciência, inúmeros benefícios, ocorrida nessa quarta-feira, 1º de dezembro, pelo canal @FonteAgro no YouTube.
Com o tema Formalização da Apicultura, o encontro via web teve mais de 20 mil visualizações em menos de 24 horas. Incluindo os milhares de internautas que acompanharam ao vivo o bate-papo com o presidente da (Cooperams) e da Federação de Apicultura Meliponicultura (Feams), Cláudio Ramires Koch, e com o zootecnista da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar do Estado (Semagro), Orlando Camy Filho. Ambos também, respectivamente, presidente e secretário executivo da Cseap.
A mediação foi do especialista em uso correto e seguro de defensivos Daniel Espanholeto, do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg). A live teve ainda a participação especial da veterinária e fiscal agropecuária Noirce Lopes da Silva, coordenadora do Programa Nacional de Saúde das Abelhas na Iagro, e do doutor em Zootecnia Heber Luiz Pereira – que se dedica desde 2007 a pesquisas em apicultura e atua desde 2014 junto ao Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar) do Mato Grosso do Sul.
PARCERIAS
Segunda geração da família na apicultura, Cláudio Koch lembrou que seu pai começou na atividade como uma segunda renda, há cerca de 50 anos – como acontece com boa parte das pessoas que ingressam nesse ramo. Ele mesmo se formou em Publicidade e se tornou administrador de empresas antes de mergulhar de vez na atividade. Isto em 2007, quando percebeu o grande mercado para a apicultura existente no Mato Grosso do Sul. “Resolvi voltar para a apicultura, trabalhando como autônomo”, recordou. Na época, ele teve o impulso também de uma parceria da antiga Personal Paper (depois Fíbria e hoje Suzano) que possibilitavam a produção e mel dentro das áreas de floresta comercial da empresa. Um projeto que também serve de case para a convivência entre produção rural e apicultura e que ganhou força na região.
“Fomos seguindo no caminho da apicultura. É importante mencionar que essa atividade abrange muitas famílias e há uma cultura apícola que precisa ser desenvolvida no Mato Grosso do Sul”, destacou Koch. “Mas não éramos organizados. Daí criamos a associação (que se tornou cooperativa) por entender que era possível todo mundo produzir junto.” Ele ressaltou também que o trabalho organizado e a parceria ampliaram inclusive o período de produção do mel. “Antes, tínhamos só a parte silvestre, que começa em agosto até dezembro. Agora (no consórcio com as florestas comerciais), aumentamos a produção, porque o eucalipto começa em dezembro e vai até abril. Uma entressafra menor em relação aos outros locais do Estado e do País.” E completou: “é um trabalho social, uma troca.”
Já Orlando Camy Filho lembrou que a Câmara da Apicultura está trabalhando pelo menos desde sua reativação, em 2018, na criação do sistema Inscrição Estadual específico para os apicultores. A Cseap segue também na busca de parceiros para desenvolver a cadeia produtiva. “Para a produção, industrialização e, principalmente, comercialização. E políticas, como incentivar o cadastramento sanitário junto à Iagro.” Uma lista que abrange desde a própria Feams até a Embrapa Pantanal, passando pelo Instituto de Meio Ambiente (Imasul) e Agência de Desenvolvimento Agrário e Extensão Rural do Estado (Agraer) e outras instituições. “Um time coeso, que vai trazer muitos frutos e garantir sustentabilidade.”
A organização do setor, a partir do cadastramento sanitário – que deve ser feito junto à Iagro, a busca dos apicultores por associações ou cooperativas (também incentivada pela Cseap) e a futura Inscrição Estadual para os apicultores deverão colocar o setor em outro patamar perante o País. Primeiro, para se saber quantos apicultores há no Estado. Em seguida, para a construção de políticas públicas. Resumidamente, saber o que precisa ser investido, onde é necessário maior suporte e o quanto esse investimento está dando certo (para daí corrigir rumos). “Nunca houve isso no Estado”, reforçou o zootecnista e gestor público.
EXISTIR E SER OUVIDO
Sobre a importância dos apicultores e meliponicultores buscarem seu cadastramento, Heber Pereira enfatizou que “para ser ouvido, o produtor precisa de mel existir formalmente”. A necessidade de aparecer para os órgãos oficiais é uma premissa básica para o planejamento do setor. O que, no entanto, ainda esbarra no receio injustificado de alguns em revelar sua produção. Na verdade, um comportamento que não é exclusividade do MS. “O próprio IBGE não consegue captar totalmente os dados”, citou o zootecnista e pesquisador. “Mas é preciso entender que a formalização é o caminho para se desenvolver”, ratificou o pesquisador.
Também há vários anos na linha de frente do trabalho pelo desenvolvimento do segmento no Estado, Noirce Lopes, um dos grandes entraves para a formalização dos apicultores e meliponicultores – o entendimento de que eles não necessitariam ser possuidores da terra (onde estão as colmeias) para obterem inscrição estadual – começou a ser vencido por uma iniciativa da Iagro para o registro sanitário dos produtores de mel. “Criamos uma ferramenta ligada ao CPF inscrito, para aqueles que não são os donos da terra.”
A expectativa é de que, brevemente, esse mesmo sistema possa ser usado para que esses apicultores e meliponicultores possam ser reconhecidos junto à Secretaria da Fazenda do MS para sua Inscrição Estadual. “A construção do Plano Estadual de Apicultura está na fase de fazer essas conexões”, adiantou a representante da Iagro. Noirce lembrou ainda que o órgão iniciou uma campanha de cadastramento de apicultores junto aos seus escritórios nos 78 municípios do Estado.
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